domingo, 23 de agosto de 2009

Mundiais de Atletismo de Berlim - O que se passou


Acabaram hoje os mundiais de Atletismo deste ano a decorrer em Berlim. Uma competição que teve muito para se falar com algumas polémicas e a confirmação que pelo menos no Atletismo algo está a mudar, com os resultados a serem mais distribuídos pelos países e não só pelas antigas potências. Há assim muito para falar destes mundiais.
Vamos começar pela participação dos atletas portugueses
que foi bastante boa. Se é verdade que não se ganharam
muitas medalhas (apenas Nelson Évora
no triplo salto masculino conseguiu medalha de prata),
também é verdade que no cômputo geral os portugueses fizeram o que se esperava e em alguns casos até melhor, com vários atletas a ficar em posições de meias-finais e mesmo finais. Dos principais Nelson Évora, embora fosse dado como principal favorito, acabou com o 2º lugar, tendo contudo uma boa prova, só sendo ultrapassado por um recorde pessoal do inglês Phillip Idowu (e a um cm da melhor marca pessoal de Écora. Um bocado mais despontante foi a prova de Naide Gomes que conseguiu apenas o quarto lugar numa prova onde era uma das favoritas e conseguiu um melhor salto na qualificação do que na final (um salto igual na final daria-lhe por exemplo a medalha.) Mais desapontante foi Rui Silva que não conseguiu chegar sequer à final, embora se percebesse que o atleta tinha problemas físicos. Dos outros destaque para os maratonistas: nas senhoras Marisa Barros a ficar com um excelente 6º lugar (o melhor numa maratona feminina a seguir às campeãs Manuela Machado e Rosa Mota) e nos homens a se conseguir um 9º um 10º e um 13º lugar (a serem os 2º, 3º e 5º europeus aqui e a ficarem em 4º na Taça do Mundo, uma prova paralela.) Destaque também para as marchadoras que tiveram também elas lugares bastantes honrosos (Vera Santos com um 5º lugar, Susana Feitor com um 10º e Inês Henriques um 11º). Por último boa participação também de Inês Monteiro nos 10000 metros e Sara Monteiro nos 5000 metros a ficarem na 10ª posição e Jéssica Augusto nos 3000 metros obstáculos com uma 11ª posição.
Mas não foram só os portugueses a terem boas participações. Destaque para os países das Caraíbas que têm muitos atletas a treinar no Estados Unidos, fazendo com que estes se tornem dos melhores do mundo, principalmente a nível de velocidade. Quem é que há uns anos por exemplo apostaria num atleta dos Barbados para ser campeão do Mundo em 11o metros barreiras (Ryan Brathwayte). Como expoente máximo desses países há a destacar claro a força cada vez maior da Jamaica, que com a ajuda de Usain Bolt se pode dizer que ganhou aos pontos os norte-americanos nestas provas. Bolt que demonstrou ser um caso à parte no atletismo, batendo mais dois recordes do mundo (só falhou o das estafetas para repetir a gracinha de Pequim no ano passado), e se nos lembramos que só tem 23 anos imaginamos (ou não) o que poderá ainda fazer. Por outro lado de notar que nas provas de fundo, e no duelo habitual entre as duas principais potências no atletismo desta vez foi o Quénia que levou a melhor sobre a Etiópia, e a diferença não foi maior porque a Etiópia tem um atleta como Kenenisa Bekele um dos melhores atletas de sempre em distâncias longas.
Nas provas de lançamentos destaque para a excelente final do lançamento do martelo feminino, onde houve vários melhores marcas pessoais, inclusivamente um recorde do mundo por parte de Anita Wlodarczyk demonstrando que não foram só os Mundiais de Bolt e da Jamaica. Apesar de uma "derrota" de os atletas norte-americanos para os países caribenhos com especial incidência na Jamaica, continua a ser este país que leva para casa mais medalhas. Só que o nº de medalhas (22) é pouco em relação ao que já levaram em edições anteriores. Outro caso onde isso se passou foi a Rússia, que levou "apenas" 13 medalhas para casa, tantas como a Jamaica e mais duas que o Quénia e que não teve uma parte feminina tão forte como costuma ter. Destaque nesta particularidade para a 1ª derrota numa grande competição para Yelena Isinbayeva desde 2003.. que não conseguiu na final passar sequer qualquer marca. Berlim foi também o local da polémica e essa polémica tem o nome de Caster Semenya, atleta que ninguém conhecia antes dos mundiais e que agora mesmo quem não segue o atletismo sabe quem é. Isto porque tendo ainda idade de júnior chegou e acabou por vencer facilmente os 800 metros femininos. O problema é que quase ninguém conhecia a atleta, e devido ao seu aspecto físico e voz grossa surgiram dúvidas se era de facto uma mulher que estava a participar naquela prova. A Federação Internacional de Atletismo já anunciou entretanto que vai fazer um teste para comprovar o género da atleta, mas qualquer que seja o resultado cheira-me que ainda haverá muito pano para mangas neste caso, até porque não é a 1ª vez que há problemas com o sexo do atleta ( e não, não estou a falar do famoso buço da Fernanda Ribeiro).
Como se viu aqui houve muito para contar nos Mundiais de Atletismo deste ano de Berlim, demontrando que nesta altura a nível mundial é uma modalidade em alta (como nunca deixou de estar) e provando que as antigas grandes potências a nível mundial estão a perder a pouco e pouco a sua predominância sobre os outros.

4 comentários:

  1. Espantosa a evolução da Jamaica na velocidade.
    De resto acho que tocaste nos pontos essenciais, só quero destacar a "vitoria" dos nosso/as maratonistas, é que resultados destes e ainda por cima serem amadores, é obra.A minha coroa de louros para eles.

    Já agora e lançando o USOpen, o Federer ganhou Cincinnati e a Dementieva Toronto. Começo a ter duvidas quanto ao Federer já que ele começa sempre mal estes torneios, já quanto à dementieva, porque não?

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  2. Índio, acho que que tanto em femininos como em masculinos a prova será bastante aberta, embora em masculinos me pareça a mim que o Federer esteja ainda assim um bocadinho acima da concorrência. A Dementieva tem sempre aquelas paragens nos principais jogos. É verdade que está um bocado diferente depois de ter ganho o ano passado os Jogos Olímpicos, ficou com mais confiança. Mas depois falta sempre alguma coisa, e se viste a meia-final de Winbledon com a Serena deu para perceber isso. Ela teve o jogo na mão e deixou-o fugir. Acho que ali em dois lances mais do que mérito da Serena houve demérito dela, e foram esses lance que deram a vitória à Serena. Agora esperemos é já agora qu o Gil não tenha mais uma vez um sorteio aziago já que com um pouco de sorte poderá fazer alguma coisa (com esta semana em New Haven). Quanto à Michelle enquanto tiver os problemas com o serviço estará em apuros, com os resultados dos últimos tempos não deverá ter muita confiança. E já agora era bom que os outros conseguissem chegar à 1ª ronda, até porque se não o fizer o Rui Machado vai dar um valente trambolhão na tabela.

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. São óbvias as razões porque este última mensagem foi removida.

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